quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Coordenador do CRAD Caatinga lança livro sobre flora do São Francisco

Projeto do livro contou com 99 co-autores
O Blog conversou ontem com o autor do livro, José Alves de Siqueira, professor e pesquisador da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e coordenador do Centro de Referência Para Recuperaçãode Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF).
Feliz com o resultado da obra, José Alves contou que seu maior objetivo é chamar a atenção para as Caatingas, “um dos ecossistemas brasileiros menos conhecidos cientificamente”.

As Caatingas, porque, segundo ele, diferentemente do que se acredita esse bioma não é pobre e muito menos seco. Pelo contrário, trata-se de um ecossistema heterogêneo. Suas características variam de lugar pra lugar e apresentam acentuado endemismo (espécies de ocorrências restritas).

O livro é dividido em 13 capítulos, com mais de 400 ilustrações. Além do inventário, conta a história do uso e da degradação da flora da bacia ao longo dos séculos. Elenca as viagens dos naturalistas à região. Suas descobertas e experiências. E não deixa de abordar a questão indígena e quilombola.

No momento José Alves se prepara para os vários lançamentos que o livro terá. Veja abaixo:
  • Recife, PE - 1º Conferência INCT, Park Hotel, (20/09/2012)
  • Bahia - Campus UNIVASF, Juazeiro, (19/10/2012)
  • RJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, (10/11/2012)
  • Joinville/SC - Congresso Nacional de Botânica (16/11/2012)
  • Brasília, DF - Biblioteca Nacional, (dezembro, data a confirmar)

    Prof. José Alves em uma das 212 expedições para inventariar flora
Blog - Como foi a idéia do livro?
 
José Alves – Foi dentro das atividades do Centro de Referência Para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF), financiado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional. Tínhamos a responsabilidade de fazer a restauração do levantamento da flora da região da bacia do rio São Francisco.

Fomos a campo e percorremos 340 mil km (oito voltas na Terra), durante os últimos quatro anos, para inventariar a flora. Ao todo foram 212 exepedições. Ao final, catalogamos 1.031 espécies de plantas, sendo mais de cem endêmicas da bacia do São Francisco. Com esse material todo na mão, não tivemos como não publicar um livro.

Blog – A flora da região corre risco?

José Alves – A região sofre por um forte processo de degradação. A Caatinga é o bioma menos defendido do país. Apenas 1% de sua área está protegida. Isso quer dizer que não assumimos nosso compromisso com a Convenção da Biodiversidade, cuja a meta é proteger 10% desse bioma.

Tivemos o cuidado de incluir na obra um diagnóstico de área prioritárias para a preservação. Temos o Boqueirão da Onça, por exemplo, que é uma área de 820 mil hectares, localizada no norte da Bahia, cujo processo para torná-la protegida se arrasta desde 2006 no Ministério do Meio Ambiente. 

Trata-se de uma região com um misto de vários biomas: campos rupestres e até amazônico. Ali se encontra a última população de onça pintada bem distribuída. O projeto, no entanto, está parado, porque ali querem implantar o maior parque eólico do país.

Boqueirão da Onça, área de 820 ha, indicada como prioritária para a preservação
Blog – É viável o uso sustentável da flora?

José Alves – Sem dúvida. O livro tem essa avaliação. No capítulo da “Restauração da Caatinga”, apontamos possíveis caminhos. O manejo das espécies é viável e necessário. Há várias espécies com potenciais. O umbuzeiro e o licuri, por exemplo, são estratégicas para o desenvolvimento da região. São como o Açaí e Castanha-do-Brasil na Amazônia: podem conciliar atividades de larga escala e distribuição de renda.

Só que as atividades são ameaçadas pela introdução de espécies invasoras com alto impacto na vegetação nativa. A criação extensiva de caprinos, por exemplo, é um problema enorme. Só na bacia do são Francisco há cerca de 90 milhões de cabeças criadas soltas.

Quem se interessar como pode adquirir o livro?

José Alves – Vai ser vendido em livrarias de todo o país. Quem tiver dificuldade é só entrar em contato com o CRAD. Com Illeanna Lacerda. Telefone: (87) 2101-4823. E-mail: crad@univasf.edu.br

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CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.

Dentre os principais objetivos do mesmo destacam-se: as ações de capacitação e mobilização de produtores rurais, a implantação de modelos de recuperação florestal; as atividades de articulação institucional; e o trabalho contínuo de promoção de intercâmbio técnico e divulgação dos resultados.


Um comentário:

Marcos Vinicius Meiado disse...

Tenho certeza de que essa obra será uma importante referência para os estudos sobre a flora da Caatinga. Parabéns e sucesso sempre!