sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Inscrições abertas para o Fórum Catarinense de Comitês de Bacias Hidrográficas

Na próxima segunda-feira, 1º/10, começará o Fórum Catarinense de Comitês de Bacias Hidrográficas de Santa Catarina. 

O encontro, que reunirá os 16 comitês do Estado, será no Centro de Treinamento da Epagri, em Campos Novos. As inscrições já estão abertas pelo site http://www.aguas.sc.gov.br/ no qual também estão disponíveis as informações sobre o evento. 

A Diretoria de Recursos Hídricos (DRHI), da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) terá um espaço dentro da programação para tratar dos assuntos referentes ao Programa SC Rural, do qual é uma das instituições executoras pelo Governo do Estado.

Mais informações aqui:http://www.sds.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1062&Itemid=152&lang=

Videoconferência debate educação ambiental nos municípios da Bahia


VIDEOCONFERÊNCIA REABA




 O que Prefeituráveis, gestores e sociedade tem a ver com isso ? 

A Rede de Educação Ambiental da Bahia – REABA, cumprindo o seu papel de estimular discussões e reflexões sobre este campo, vai realizar uma videoconferência, na segunda-veira, dia 01/10, das 13:30h às 17h.
Objetivo: Promover a difusão da informação sobre os mecanismos para a viabilização da educação ambiental nos municípios da Bahia e refletir/discutir sobre responsabilidades individuais e coletivas para esta consecução.

O evento contará com a presença e colaboração do Ministério Público, membros da Coordenação da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental da Bahia, Secretaria Estadual do Meio Ambiental -SEMA e Secretaria Estadual da Educação - SEC, bem como representantes da UFBA e ONGs. 

O público esperado para o referido Encontro será constituído por gestores, candidatos, professores, estudantes e comunidade em geral dos variados municípios do estado da Bahia. 


A videoconferência será transmitida do auditório da Salvador e terá conexão com os municípios do Estado através das  telessalas.

Cada telessala terá um mobilizador que será responsável por mobilizar e coordenar o referido publico para a videoconferência.



Programação:


Pergunta norteadora:

“Como fazer com que a EA aconteça no meu município?”




Abertura: acolhimento e boas vindas do GE-REABA
1ª etapa da roda de conversa (Sala de Salvador)

EA e gestão municipal – Ministério Público-NUSF
Drª Luciana Khoury

EA academia e comunidades – Instituto de Educação-UFBA
Profª Drª Rosiléia Oliveira

Órgão Gestor da EA, Sistema Educacional e CIEA – Coordenação da CIEA

Órgão Gestor da Política de EA no Estado da Bahia.
SEMA – Drª Zanna Mattos

Estratégias de difusão da EA no Sistema Educacional
SEC – Sr. Fábio Barbosa

CIEA-BA e a sociedade civil  sociedade civil
Srª Bernadedth Rocha

1ª rodada de interação com as demais Salas de Transmissão
2ª etapa da roda de conversa (Sala de Salvador)

EA e os instrumentos balizadores – Gambá
Srª Lilite Cintra

EA articulação e participação – REABA
Sr. Breno Pessoa

2ª rodada de interação com as demais Salas de Transmissão Considerações finais e encerramento (Sala de Salvador )

Quando? 01/outubro/12, segunda-feira

Em que horas? das 13h30min às 17h

Onde? Telessalas da Rede Educação do IAT – Instituto Anísio Teixeira/SEC (lista anexa)

Inscrição no dia ou pelo link: videoconferência REABA

terça-feira, 25 de setembro de 2012



Pesquisadores anunciam a 'extinção inexorável' do Rio São Francisco

Fonte: Agência O Globo - Por Cláudio Motta – em 25/09/2012

RIO - É equivalente a dar oito voltas na Terra - ou a andar 344 mil quilômetros - a distância percorrida por pesquisadores durante 212 expedições ao longo e no entorno do Rio São Francisco, entre julho de 2008 e abril de 2012. O trabalho mapeia a flora do entorno do Velho Chico enquanto ocorrem as obras de transposição de suas águas, que deverão trazer profundas mudanças na paisagem. Mais do que fazer relatórios exigidos pelos órgãos ambientais que licenciam a obra, o professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco, reuniu cem especialistas e publicou o livro "Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação" (Andrea Jakobsson Estúdio). A obra foi lançada em Recife este mês.

Em 556 páginas e quase três quilos de textos, mapas e muitas fotos, a publicação é o mais completo retrato da Caatinga, único bioma exclusivo do Brasil e extremamente ameaçado. O título do primeiro dos 13 capítulos, assinado por Siqueira, é um alerta: "A extinção inexorável do Rio São Francisco".

- Mostro os elementos de fauna e da flora que já foram perdidos. É como uma bicicleta sem corrente, como anda? E se ela estiver sem pneu? E se na roda estiver faltando um raio, e quando a quantidade de raios perdidos é tão grande que inviabiliza a bicicleta? Não sobrou nada no Rio São Francisco. Sinceramente, não sei o que vai acontecer comigo depois do livro, mas precisava dizer isso - desabafa o professor da Univasf. - Queremos que o livro sirva como um marco teórico para as próximas décadas. Vou provar daqui a dez anos o que está acontecendo.
Ao registrar o estado atual do Rio São Francisco, o pesquisador estabelece pontos de comparação para uma nova pesquisa, a ser feita no futuro, medindo os impactos dos usos do rio. Além do desvio das águas, há intenso uso para o abastecimento humano, agricultura, criação de animais, recreação, indústrias e muitos outros. Desaguam no Velho Chico milhares de litros de esgoto sem qualquer tratamento. Barramentos - sendo pelo menos cinco de grande porte em Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó - criam reservatórios para usinas hidrelétricas. Elas produzem 15% da energia brasileira, mas têm grande impacto. Alteraram o fluxo de peixes do rio e a qualidade das águas, acabaram com lagoas temporárias e deixaram debaixo d'água cidades ou povoados inteiros, como Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho.

Com o fim da piracema, uma vez que os peixes não conseguiam mais subir o rio para se reproduzir, o declínio do número de cardumes e da variedade de espécies foi intenso. Entre as mais afetadas, as chamadas espécies migradoras, entre elas curimatá-pacu, curimatá-pioa, dourado, matrinxã, piau-verdadeiro, pirá e surubim.

Não foram as barragens as únicas culpadas pelo esgotamento de estoques pesqueiros do Velho Chico. Programas de incentivo da pesca, que não levaram em consideração a capacidade de recuperação dos cardumes, aceleraram a derrocada da atividade. Espécies exóticas, introduzidas no rio com o objetivo de aumentar sua produtividade, entre elas o bagre-africano, a carpa e o tucunaré, se tornaram verdadeiras pragas, sem oferecer lucro aos pescadores.

A região do São Francisco, que já foi considerado um dos rios mais abundantes em relação a pescado no país, precisa lidar com a importação em larga escala de peixes, sobretudo os amazônicos, para suprir o que não consegue mais fornecer. Uma das espécies mais comercializadas na Praça do Peixe, a 700 metros do rio, é o cachara (surubim) do Maranhão ou do Pará. Nos restaurantes instalados nas margens do Rio São Francisco, o cardápio oferece tilápias cultivadas ou tambaquis importados da Argentina.
A mudança provocada pelo homem tanto nas águas do Velho Chico quanto na vegetação que o circunda foi drástica e rápida. Tendo como base documentos históricos disponíveis, entre eles ilustrações de expedições de naturalistas importantes, como as do alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, é possível ver a exuberância do passado. Um desenho feito há 195 anos mostra os especialistas da época deslumbrados com árvores de grande porte, lagoas temporárias, pássaros em abundância. Ou seja, uma enorme biodiversidade, que hoje não existe mais.

Menos de dois séculos depois, restam apenas 4% da vegetação das margens do Rio São Francisco. Desprovidas de cobertura verde, elas sofrem mais com a erosão, que assoreia o rio em ritmo acelerado. Os solos apresentam altos índices de salinização e os açudes ficam com a água salobra. Aumentam as áreas de desertificação. O Velho Chico está praticamente inviável como como hidrovia. Espécies foram extintas e ecossistemas estão profundamente alterados.

Diante da expectativa da "extinção inexorável do Rio São Francisco", o livro ressalta a importância de gerar conhecimento científico. Não apenas os pesquisadores precisam se debruçar mais sobre o bioma como também o senso comum criado sobre a Caatinga a empobrece. Por isso o título do livro optou por "Caatingas", no plural, chamando a atenção para sua enorme diversidade.

- O processo que levará ao fim do Rio São Francisco não começou hoje. Basta olhar a ilustração para ver o que aconteceu em tão pouco tempo, menos de 200 anos. A imagem nos mostra um bioma surpreendente: o tamanho das árvores, a diversidade de animais, a exuberância - ressalta Siqueira. -Observamos que ocorre um efeito em cascata. Tanto que, se algo não for feito agora, de forma veemente, o impacto do aquecimento global na Caatinga, que é o local mais ameaçado pelas mudanças climáticas, será dramático.

Exclusividade do Brasil
Difundir o conhecimento gerado durante as expedições é um dos principais legados da publicação. Ainda mais porque trata-se de uma temática brasileiríssima. Aproveitando o jargão ambientalista, que chama de endêmica a espécie que só existe numa determinada região, José Alves Siqueira diz que a Caatinga e o Rio São Francisco são dois endemismos brasileiros. O bioma só ocorre no Brasil, assim como o Velho Chico, que é o único corpo hídrico de grande porte que nasce e deságua em território nacional. Além disso, entre as 1.031 espécies coletadas - a partir de 5.751 amostras -, 136 (13,2%) são restritas à Caatinga. Além disso, 25 espécies cuja ocorrência não era conhecida no Nordeste foram encontradas. Situação semelhante ocorreu com 164 plantas, nunca antes observadas na Caatinga. Mas a cereja do bolo é uma nova espécie coletada por pesquisadores, que ainda estão trabalhando com as informações obtidas em campo para publicar, até o final do ano, a descrição da planta em uma revista especializada.

- A espécie mais próxima desta é do Charco, na Argentina e Paraguai. Isso mostra uma relação entre Caatinga com aquele bioma, são ecossistemas incríveis - ressalta Siqueira. - Este é um dos resultados fabulosos do trabalho, mostra mais uma vez que a Caatinga não é pobre, homogênea nem o patinho feio dos biomas.

No último capítulo, "A flora das Caatingas", assinado por 78 especialistas de 40 instituições, diversas universidades, entre elas UFRJ e USP, jardins botânicos, Embrapa e até o Museu de História Natural de Viena, detalha métodos de pesquisa e apresenta uma lista florística com as 1.031 espécies. Também é possível ver informações na internet, na página www.hvasf.univasf.edu.br/livro.

Os pesquisadores ressaltam, ainda, que ainda há muito para se descobrir sobre a flora das Caatingas. As plantas desenvolvem mecanismos de adaptação que são ignoradas pela ciência. Sendo assim, os autores do livro destacam que são necessários esforço e dedicação para que o estágio do diagnóstico da diversidade biológica seja superado pelos estudos voltados para as práticas de conservação. Nesta direção, a Univasf criou o Centro de Referência para a Restauração de Áreas Degradadas.
Recuperar a Caatinga é uma tarefa árdua, requer conhecimento científico específico. Isso reforça a importância de manter áreas nobres ainda intocadas. A equação é simples: é muito mais fácil e barato manter a floresta em pé do que tentar reflorestar uma região degradada. Por outro lado, sem o rigor acadêmico, empresas que são obrigadas a replantar em determinadas áreas acabam fazendo as escolhas erradas, como colocar grama de crescimento rápido e impacto visual, mas inadequada para o meio ambiente.

Formatar um conhecimento consolidado de como recuperar a Caatinga deverá ser um trabalho para pesquisadores durante os próximos 30 anos. Um capítulo inteiro é dedicado ao assunto: "Restauração ecológica da Caatinga: desafios e oportunidades", assinado por Felipe Pimentel Lopes de Melo, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco; Fabiana de Arantes Basso, do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, da Univasf; e Siqueira. Os autores expressam a urgência de melhorar a relação do homem com o meio ambiente. É fundamental superar a tensão entre a conservação dos recursos naturais com a crescente demanda por matéria-prima, como lenha, carvão, água e energia. Em geral, as soluções imediatistas e sem planejamento trazem enormes prejuízos econômicos, sociais e ambientais: os três pilares da sustentabilidade.

O livro também pode ser lido como uma exaltação ao bioma, incluindo a chamada cultura 'caatingueira' e a alma sertaneja, que não são deixadas de fora da edição. No segundo capítulo, ("Viajantes naturalistas no Rio São Francisco"), considerado pelo organizador do livro como o mais poético, Lorelai Brilhante Kury, especialista da Fundação Oswaldo Cruz e da Uerj, faz um resgate histórico e cultural das transformações ambientais.

As agressões ao Velho Chico são históricas. O rio serviu com via de ocupação da região. Ricos e pobres usam os recursos naturais como se fossem infinitos. Entre Petrolina e Juazeiro, casas que valem cerca de R$ 500 mil contam com equipamentos sofisticados, segurança de primeiro padrão e móveis caríssimos, mas a estrutura sanitária é arcaica, contamina o lençol freático e o rio. Lanchas e motos náuticas geram ruído e afugentam peixes. Quase não se vê reaproveitamento de água ou o uso de fontes energéticas renováveis.
- A principal contribuição do livro é chamar a atenção para a Caatinga. É o único bioma exclusivo do Brasil, porém o menos conhecido. Seu personagem mais famoso é o Rio São Francisco, que serviu de mote para o estudo de conservação da Caatinga - frisa Felipe Melo, professor de ecologia da Universidade Federal de Pernambuco e um dos pesquisadores envolvidos na coleta de informações que constam do livro.

Mais do que apontar problemas, os pesquisadores defendem a adoção de práticas sustentáveis. No final de cada capítulo, eles apresentam medidas que poderiam mitigar impactos social, ambiental e também econômico. Além disso, há preocupação com a difusão das informações geradas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo, também recebe parte do material coletado pelos cientistas. A instituição carioca poderá montar uma estufa dedicada às plantas da Caatinga.

- É um desafio para a sociedade garantir desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Vamos fazer outra Sobradinho? Não. As cidades que ficaram debaixo d'água por causa dos represamentos do Rio São Francisco perderam histórias, vidas, sítios arqueológicos inteiros - argumenta José Alves Siqueira. - Em síntese, posso dizer que o caminho a ser seguido para viabilidade do São Francisco como modelo de desenvolvimento para outras regiões é a base científica sólida. Investir em recursos humanos, aporte de recursos financeiros para ciência, tecnologia e educação básica.

Os diagnósticos apresentados no livro, porém, têm prazo de validade. Os autores afirmam que são necessárias intervenções imediatas pra tentar mudar em escala regional o cenário de degradação. Além disso, sobram críticas em relação às discussões que envolvem o novo código florestal. O organizador do livro sustenta que já há conhecimento científico sólido em relação à necessidade mínima de 30 metros de vegetação nas margens dos rios para a proteção da qualidade da água, estabilização de encostas e prevenção a enchentes.

Dinheiro não falta. Pelo contrário. Só as obras de transposição de águas, originariamente orçadas em R$ 4,5 bilhões, deverão consumir cerca de R$ 10 bilhões. São recursos federais que prometem melhorar a qualidade de vida na região. Não é o primeiro grande investimento público da Caatinga. Porém, analisando a história, pesquisadores não encontraram relação direta entre o gasto e o bem-estar para a população.
Para quebrar a ideia de que o setor público não consegue fazer trabalhos de qualidade, os pesquisadores se esforçam para multiplicar o legado dos programas ambientais, previstos nos investimentos que mudarão o curso de parte das águas do Rio São Francisco.

Desde 2008, quando o dinheiro começou a ser repassado para a universidade, foram criados o Centro de Referência da Caatinga e novos laboratórios. A equipe conta com dez picapes com tração nas quatro rodas para percorrer a região durante o monitoramento da vegetação.

O trabalho de formação de alunos se volta para o bioma local. Por exemplo, havia uma dificuldade em achar veterinários que conhecessem os animais do bioma, como o veado catingueiro. Até então, grande parte dos alunos da universidade só entendia de cachorro e de gato.

- A obra (de transposição da água do Rio São Francisco) acaba nos proporcionando os meios para uma formação mais qualificada dentro da universidade. A demanda é grande, falta gente especializada para trabalhar para nossa equipe. Contratamos pessoas do Brasil inteiro - diz Siqueira. - A chave é procurar entender as especificidades do bioma Caatinga, que, muitas vezes, chega a passar dez meses na seca. Precisamos entender as adaptações da fauna e flora, assim como a cultura.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CBHSF convoca colegiado para reunião ordinária, dia 27, em Brasília

A Presidência do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco convoca a todos os membros da Diretoria Colegiada para participar de reunião ordinária, no próximo dia 27/09, às 9hs, na sede da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília.

Para ofício de convocação, clique aqui.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Curta-metragem chama a atenção para a questão do fogo na região do São Francisco

Larissa Malty como a "Velha do Carrado", em Piranhas/AL
 “Fogo Ardente, Água Corrente” será exibido na sexta-feira, dia 21, às 10h, no auditório do Ibama/Sede; evento terá lançamento de livro homônimo e bate-papo com autora, Larissa Malty

A Velha do Cerrado caminha pelas margens do São Francisco da nascente, no Planalto Central, até a foz, em Alagoas. Durante a travessia, reflete sobre a relação das pessoas com o meio onde vivem.

Esse é o tema do curta-metragem que Larissa Malty, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, criou para chamar a atenção para o problema do fogo no Cerrado e também para a gestão das águas nesse ecossistema.

Artista multimídia, Larissa aproveitou o tema da “velha que conta histórias" para também escrever um livro homônimo, cujos textos, segundo conta, foram surgindo durante as extensas filmagens de campo, em 2011.

O curta-metragem de cerca 10 minutos tem passagens na Estação Ecológica das Águas Emendadas, no Distrito Federal, onde se localiza uma das nascentes do São Francisco; no Jardim Botânico de Brasília, onde foram filmadas as cenas de queimadas; e no Velho Chico, nos municípios de Piranhas e Piaçabuçu, na calha do rio, em Alagoas.

A Velha do Carrado, em Penedo/AL
Diversidade cultural: diversidade biológica – Durante as gravações, Larissa conta que teve a grata experiência de conhecer a diversidade cultural nas cidades às margens do rio. (tesouro nacional, mas pouco lembrado pelas operadoras de turismo interno). São séculos de histórias narradas pelos repentes, pela arquitetura dos casarões e igrejas e pelos festejos tradicionais. “Trata-se de um patrimônio cultural muio forte”, garante ela.

Outra riqueza que encheram os olhos da artista a diversidade biológica da bacia do rio São Francisco. “Acompanhando a calha rio abaixo, você encontra não só Cerrado e Caatinga, mas também Mata Atlântica e outras florestas”, afirma.

E isso, segundo conta, não é por acaso: “diversidade cultural e alta biodiversidade guardam relação direta – um coisa está conectada à outra”, garante.

Esse, aliás, foi o tema da tese que defendeu no mestrado, em 2010, no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS/UnB). Nessa época foi que surgiu a protagonista da história, a 'Velha do Cerrado'.

Curta teve tomadas desde a nascente à foz do rio São Franciso
Um dia, quando se debruçava sobre os materiais de pesquisa, a velha lhe apareceu e não saiu mais de sua mente. Desde então, vem fecundando a produção de Larissa. Já rendeu um primeiro livro: “Alumeia – o Cerrado que a Velha Conta”, editado em 2010, pela Editora LGE (veja matéria aqui)”, e agora esse curta-metragem e o segundo livro.

E tem mais: inquieta, Larissa tem planos para aprofundar sua pesquisa. No mês que vem, embarca para Portugal, onde pretende dar continuidade ao doutorado, estudando o paralelo entre a história cultural do São Francisco e do Tejo – rio que corta a península Ibérica e que inspirou escritores com o Camões, Ferando Pessoa, josé Saramago e Cervantes.

Serviço – Para quem quiser assistir ao “Fogo Ardente, Água Corrente” na telona, haverá uma sessão na sexta-feira, dia 21, às 10h, no auditório do Ibama/Sede. O curta tem roteiro da própria Larissa Malty, que também interpreta a "Velha do Cerrado". A direção é de Pablo Le Roy. E a trilha sonora é de ninguém menos que Geraldo Azevedo em parceira com Vavá Cunha.

Logo depois, a irriquieta artista multimídia, arte-educadora e analista ambiental e velha do cerrado, Larissa Malty, vai participar de um bate-papo com a plateia. Quem não puder ir, o “Fogo Ardente, Água Corrente” já está no YouTube, veja abaixo:



O livro “Fogo Ardente, Água Corrente” também está disponível para baixar, é só clicar aqui: http://www.4shared.com/folder/G7awIQ_H/_online.html

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Coordenador do CRAD Caatinga lança livro sobre flora do São Francisco

Projeto do livro contou com 99 co-autores
O Blog conversou ontem com o autor do livro, José Alves de Siqueira, professor e pesquisador da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e coordenador do Centro de Referência Para Recuperaçãode Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF).
Feliz com o resultado da obra, José Alves contou que seu maior objetivo é chamar a atenção para as Caatingas, “um dos ecossistemas brasileiros menos conhecidos cientificamente”.

As Caatingas, porque, segundo ele, diferentemente do que se acredita esse bioma não é pobre e muito menos seco. Pelo contrário, trata-se de um ecossistema heterogêneo. Suas características variam de lugar pra lugar e apresentam acentuado endemismo (espécies de ocorrências restritas).

O livro é dividido em 13 capítulos, com mais de 400 ilustrações. Além do inventário, conta a história do uso e da degradação da flora da bacia ao longo dos séculos. Elenca as viagens dos naturalistas à região. Suas descobertas e experiências. E não deixa de abordar a questão indígena e quilombola.

No momento José Alves se prepara para os vários lançamentos que o livro terá. Veja abaixo:
  • Recife, PE - 1º Conferência INCT, Park Hotel, (20/09/2012)
  • Bahia - Campus UNIVASF, Juazeiro, (19/10/2012)
  • RJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, (10/11/2012)
  • Joinville/SC - Congresso Nacional de Botânica (16/11/2012)
  • Brasília, DF - Biblioteca Nacional, (dezembro, data a confirmar)

    Prof. José Alves em uma das 212 expedições para inventariar flora
Blog - Como foi a idéia do livro?
 
José Alves – Foi dentro das atividades do Centro de Referência Para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF), financiado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional. Tínhamos a responsabilidade de fazer a restauração do levantamento da flora da região da bacia do rio São Francisco.

Fomos a campo e percorremos 340 mil km (oito voltas na Terra), durante os últimos quatro anos, para inventariar a flora. Ao todo foram 212 exepedições. Ao final, catalogamos 1.031 espécies de plantas, sendo mais de cem endêmicas da bacia do São Francisco. Com esse material todo na mão, não tivemos como não publicar um livro.

Blog – A flora da região corre risco?

José Alves – A região sofre por um forte processo de degradação. A Caatinga é o bioma menos defendido do país. Apenas 1% de sua área está protegida. Isso quer dizer que não assumimos nosso compromisso com a Convenção da Biodiversidade, cuja a meta é proteger 10% desse bioma.

Tivemos o cuidado de incluir na obra um diagnóstico de área prioritárias para a preservação. Temos o Boqueirão da Onça, por exemplo, que é uma área de 820 mil hectares, localizada no norte da Bahia, cujo processo para torná-la protegida se arrasta desde 2006 no Ministério do Meio Ambiente. 

Trata-se de uma região com um misto de vários biomas: campos rupestres e até amazônico. Ali se encontra a última população de onça pintada bem distribuída. O projeto, no entanto, está parado, porque ali querem implantar o maior parque eólico do país.

Boqueirão da Onça, área de 820 ha, indicada como prioritária para a preservação
Blog – É viável o uso sustentável da flora?

José Alves – Sem dúvida. O livro tem essa avaliação. No capítulo da “Restauração da Caatinga”, apontamos possíveis caminhos. O manejo das espécies é viável e necessário. Há várias espécies com potenciais. O umbuzeiro e o licuri, por exemplo, são estratégicas para o desenvolvimento da região. São como o Açaí e Castanha-do-Brasil na Amazônia: podem conciliar atividades de larga escala e distribuição de renda.

Só que as atividades são ameaçadas pela introdução de espécies invasoras com alto impacto na vegetação nativa. A criação extensiva de caprinos, por exemplo, é um problema enorme. Só na bacia do são Francisco há cerca de 90 milhões de cabeças criadas soltas.

Quem se interessar como pode adquirir o livro?

José Alves – Vai ser vendido em livrarias de todo o país. Quem tiver dificuldade é só entrar em contato com o CRAD. Com Illeanna Lacerda. Telefone: (87) 2101-4823. E-mail: crad@univasf.edu.br

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CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.

Dentre os principais objetivos do mesmo destacam-se: as ações de capacitação e mobilização de produtores rurais, a implantação de modelos de recuperação florestal; as atividades de articulação institucional; e o trabalho contínuo de promoção de intercâmbio técnico e divulgação dos resultados.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

MMA divulga resultados da seleção de boas práticas em Educação Ambiental na agricultura familiar


Território da Cidadania do Alto Jequitinhonha um dos projetos selecionados
A Secretaria de Articulação Institucional e Ambiente Urbano (Saic/MMA) divulgou a lista com as 25 experiências de Educação Ambiental na Agricultura Familiar. As experiências selecionadas farão parte de uma publicação a ser elaborada.

Quatro dessas experiências, estão localizadas  na bacia do rio São Francisco. São elas:


Para conhecer a lista dos selecionados, clique aqui.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

“Prioridade é expandir a representatividade do comitê”, diz novo presidente

foto: Suzana Alíce Pereira
Presidente Anivaldo Miranda (seg à esq) em reunião com equipe do dep de Bacias Hidrográficas do Ministério do Meio Ambiente
O novo presidente do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, acaba de assumir um mandato tampão até o final de 2013. Sua meta principal será agregar mais representatividade ao comitê, que já teve 1,3 mil organizações participantes, mas hoje são cerca de 300.

Ele esteve em Brasília na semana passada para as primeiras reuniões com a equipe do Ministério do Meio Ambiente e da Agência Nacional das Águas (ANA). Na pauta com o MMA, em reunião com o diretor substituto do Departamento de Revitalização de Bacias, Renato Saraiva Ferreira, o presidente discutiu a retomada dos projetos da revitalização da bacia do rio São Francisco. Para ele, “é hora de retomar o diálogo”.

Depois da reunião, Anivaldo conversou com o blog sobre seus principais projetos na sua gestão. Militante ambiental, Anivaldo diz que tem muitos compromissos, justamento por causa disso, garante que não será candidato à próxima gestão.

Blog – Quais as prioridades do seu mandato?

Anivaldo Miranda – De imediato estou trabalhando na elaboração da minuta do Plano Plurianual de Aplicação (PPA) dos recursos provenientes da cobrança pelo uso da água da bacia. No dia 28 de novembro, vai haver nossa plenária de fim de ano em Penedo/AL, quando a minuta do PPA será apresentada, debatida e aprovada.

Mas a principal meta dessa gestão é expandir a representatividade do comitê, principalmente visando a um maior colégio eleitoral nas eleições do final de 2013. Ainda hoje, há partes da bacia que desconhecem nosso trabalho.

Blog – Quais os principais problemas que o comitê enfrenta atualmente?

É preciso reforçar os segmentos internos dentro do comitê. Os segmentos dos usuários e da sociedade civil, por exemplo, precisam estar mais bem representados.

Outra frente é atrair uma maior atenção do poder público - tanto dos municípios, dos estados, como também do poder federal, com o qual aliás o diálogo ficou abandonado. Afinal de contas o comitê é um lugar onde todas as discussões devem acontecer. É o parlamento das águas.

Blog - Como está o diálogo com os governos?

Anivaldo Miranda – Precisamos retomá-lo. Não só com os estados e municípios, mas também com os ministérios. Principalmente o MMA, dentro do contexto do programa de Revitalização do Rio São Francisco. É necessário que acertemos as regras do jogo, porque, se cada um trabalhar isoladamente, não haverá sinergia para combater as principais questões.

No entanto, para termos condições de abri esses diálogos será preciso reestruturar o comitê gestor do Programa de Revitalização do São Francisco. Se queremos sinergia, se queremos transversalidade, o comitê gestor tem de ser reestruturado.

Blog – Há falta de recursos para o comitê?

Anivaldo Miranda – A gente nunca diz que recursos são satisfatórios, mas atualmente dá pra dizer que o montante disponível é suficiente para iniciar os trabalhos do comitê. Até porque ele tem um grande espectro de aplicação, mas no que diz respeito a projetos, vamos nos esforçar para financiar projetos que sejam demonstrativos, cujo exemplo possa ser replicados. Vamos atrair parcerias para que nosso recurso seja indutor de outros investimentos.

Esses recursos serão importantes para atividades de educação ambiental, pequenos projetos de geração de renda e de recuperação hidroambiental, que em geral, não fazem parte da ótica das grandes corporações, nem ministérios.

Blog – Haverá investimentos em pesquisas?

Anivaldo Miranda – Sim, pretendemos. Não temos capacidade de investir em pesquisa de longa maturação, mas podemos oferecer contrapartidas para estudos específicos. Por exemplo, um estudo que já foi iniciado no comitê é a conceituação do que seja vasão ecológica – termo sem definição precisa, mas importante para o pacto das águas.

Outra pesquisa importante seria as possibilidades da reintrodução do pitu, espécie em extinção no Baixo São Francisco. Essa possibilidade seria uma boa opção estratégica para o desenvolvimento econômico e social da região.

Blog – Como o senhor vê as revindicações das populações tradicionais da bacia?

Anivaldo Miranda – O comitê leva isso em grande consideração. Temos uma câmara técnica dentro do comitê para tratar exclusivamente de indígenas, quilombolas e outros segmentos que não têm muita representatividade. Os recursos do comitê, inclusive servem para atendê-los também.

Já tem uma reunião marcada em Brasília, no dia 19 de setembro, que vai tratar de algumas questões que essas populações têm levantado sobre as legislações.

Blog – O senhor vai ser candidato na próxima legislatura?

Anivaldo Miranda – Veja bem: sou presidente, mas não fiz campanha. Atendi a um chamamento e fui eleito por unanimidade. (Talvez tenham lembrado do meu nome porque já fui diretor-executivo do comitê.) Mas meu objetivo é conduzir esse colegiado a uma sucessão vitoriosa no final de 2013.

Tenho uma série de outros compromissos, inclusive minha militância na área ambiental. Sinceramente, não pretendo continuar.